domingo, 29 de janeiro de 2012

Viagens pelos meus mundos

Um dia eu descobri que a estrada é o melhor lugar do mundo porque é lugar nenhum e, ao mesmo tempo, é potencialmente todos. Aprendi isso tarde. A maior parte da vida, fui orientada e convencida a ter medo da estrada. Acidentes, mortes, carros-armas e outras assombrações me apavoraram durante anos. E a casa era tão segura e tão sufocantemente confortável...


Hoje, eu ainda tenho um medinho, por exemplo, de esquecer alguma coisa na hora de fazer as malas. Então, faço listas e mais listas de tudo que tenho que levar. Ainda tenho medo da estrada, principalmente à noite e daquele frio na barriga quando o avião decola ou ensaia para pousar. 


Da última vez, fui para Floripa. Bom demaaaaaais!!!!!


De novo, as listas e sublistas para não esquecer nada... depois, taxi, rodoviária, ônibus, mais rodoviária, mais ônibus, aeroporto, avião, mais aeroporto, mais taxi e, finalmente, hotel. 


Foi aí que percebi o quanto é difícil sair de Divinópolis. Ou a gente encara as estradas que levam para o mundo lá fora (que não estão lá essas coisas, com buracos, pistas estreitas, curvas fechadas e pedágios...) ou se dispõe a uma maratona para chegar em BH e conseguir um voo qualquer.


Mas, chegando em Florianópolis, tive a sensação de estar em casa. Não porque haja semelhanças entre lá e aqui. Ao contrário, as diferenças são evidentes e gritantes. Mas, me senti bem, acolhida e confortável como não me sinto na minha city-sweet-city.


O hotel, apesar de sofisticadinho, não tinha aqueles ares de esnobe que a gente costuma ver por aí. E, apesar do ar condicionado exorbitantemente frio, é tudo bem acolhedor.


O shopping, que ficava no outro quarteirão, não era o maior e melhor do mundo, mas em comparação com o que se costuma ter por aqui, era muito bacana. Simples, mas bacana. Pude experimentar comida mexicana e chinesa, além de uma variedade interessante de italianas (calzones, pizzas, massas em geral, saladas e afins) e, claro, camarão. Também tinha a opção de comida japonesa, churrascos e comidinha caseira com cara de Minas. Tudo na praça de alimentação, que nem era maior que a do Terra.


Ainda no shopping, me encantei com as livrarias. Sim!!! Assim mesmo, no plural (o daqui não tem nenhuma, por que será?). Também tive a sorte de estar por lá nos dias em foi montada uma feirinha de artesanato e comidinhas tipicamente catarinenses. E, como eu adoro feirinhas....


Calçadão com direito a arco-íris
A melhor parte, logo ali, do outro lado da rua, era o calçadão. Larga, bem pavimentada, com divisória para mão e contramão (quase caí pra traz quando percebi isso!!!), a pista tem quase 10km de extensão, margeando o mar. Ao lado, uma ciclovia (também com mão e contramão) arrumadinha, cuidadosamente separada das pistas de carros e da área destinada aos pedestres. Tudo isso com uma vista deliciosamente bela, do mar e do continente que fica logo ali do ladinho.


Academia montada na pista de
caminhada-corrida-bike
Ao longo da pista de caminhada-corrida-pedalada, caramanchões de madeira com trepadeiras começando a crescer, com banquinhos para quem quiser se sentar, descansar e curtir a vista, com direito a por do sol. Para quem quiser continuar se exercitando ou se alongando, tem alguns lugares com barras e uns aparelhos, ao ar livre. Nos fins de tarde, instrutores orientam os exercitantes presentes sobre a melhor forma de usar os aparelhos.


Tudo simples, funcional e muito bacana.



Passeio com a bike emprestada
Para quem não tem bike e, mesmo assim, quer pedalar pela ciclovia, é só fazer um cadastrozinho e deixar um documento de identidade com as meninas que ficam ali na praça e elas emprestam uma bicicleta toda bonitinha. DE GRAÇA!!! Imagino que esses empréstimos não devem ocorrer o ano todo. Só durante o verão Mas, já é muito melhor que nada, né? Até porque, o verão costuma representar 1/4 do ano...


"Recepcionista" da Casa da Alfândega
No centro da cidade, pertinho de onde eu estava hospedada, tinha museus, lojas, um calçadão de comércio popular, a Casa da Alfândega (onde funciona uma feira permanente de artesanato local) e o Mercado Público, que é uma atração à parte. Peixes frescos, chegadinhos dos barcos pesqueiros que a gente vê margeando as praias, são vendidos a preços fantasticamente baixos (em comparação com o que se tem aqui, por peixes congeladíssimos). Coisas feitas de palha, sapatos, roupas etc... tudo pode ser encontrado ali, num prédio histórico bonitinhamente bem cuidado.


Praças e mais praças, todas verdinhas, floridinhas e cheias de árvores, se pulverizam por toda a parte central da cidade. No trânsito (pesado, diga-se de passagem), os pedestres esperam o bonequinho ficar verde para atravessar a rua e, onde não tem semáforo (e, consequentemente, nem bonequinho), são os motoristas que esperam os pedestres atravessarem - na faixa, sempre!!! - Ninguém corre desembestado no meio da rua.


Nas praias, nos bares e nas ruas ninguém é obrigado a ouvir a mais nova música super-sucesso do verão e nem outro tipo de música qualquer. Não tem axé, nem pagode, nem sertanejo, nem funck. Não tem carro escandaloso, nem caixas de som pelas ruas. Quem quiser, usa fone de ouvido. Simples, democrático e respeitoso, né?


Lixo? Nem nas praias, nem nas ruas. No calçadão, é comum ver pessoas passeando com um ou vários cachorros ao mesmo tempo e elas sempre levam sacolinhas de plástico nas mãos. No começo, não entendi porque tanta sacolinha, até que vi um senhor e, mais tarde, uma moça recolhendo os cocôs largados pelos bichos durante a caminhada.  Achei lindo!!


Bonitinho mesmo foi o motorista do taxi, na hora de ir do hotel para o aeroporto - momento difícil, de muito sofrimento e luto profundo. Ele correu para abrir a porta do carro para mim e até me ofereceu a mão para me ajudar a descer. Me senti toda princesa...


E, triste mesmo foi dar de cara, horas depois, com a rodoviárias de BH, a MG 050 e a Av. JK. Na hora de pegar o último taxi dessa maratona, o motorista sequer disse boa noite, jogou a bagagem no porta-malas e saiu correndo, caprichando nas curvas e esquinas. Me senti uma azeitona em boca de banguela, quicando dentro do carro até chegar em casa, sem que o nobre senhor abrisse a boca nem para perguntar para onde queríamos ir. Pensei, desculpando, que talvez fosse mudo, o pobre. Mas, na hora de dizer o preço da corrida - que foi quase um rally - a voz voltou. Deprimente!!!


Sei que todas as polis têm problemas e soluções. Não importa se é Floripa ou Divina. Mesmo assim, eu gostaria muito de poder voltar para a primeira.

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