terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Chove lá e chove cá

E enquanto a chuva molha o mundo lá fora, um temporal encharca tudo aqui dentro. Temporal inclemente de  sentimentos controversos, amores inconfessos, saudades incontestes. Turbilhão afetivo e efetivamente fora de controle. 



A sensação é de tempo perdido, de vida não-vivida, de amores não-amados, sentimentos não-sentidos, de perguntas condenadas a eternas não-respostas, de dizeres relegados a profundos silêncios.

Nada disso é novo. Somos velhos conhecidos. Convivemos há tempos. Eu e esse não-viver, esse estacionar, esse estagnar, esse calar. A chuva só vem lembrar que mesmo que as águas rolem, poças sempre se formam e aglutinam podridões.

Consola saber que um dia o sol vai voltar. E secar as águas lá de fora. Quem sabe vem um sol e seca as daqui de dentro também?

Ação inspira ação



Somos um grupo de amigos interessados em compartilhar com outros amigos nosso prazer em ajudar e levar um pouco de alegria e amor a quem muito precisa. 


Vamos fazer no dia 24 de fevereiro de 2013 uma visita festiva na Vila Vicentina da Sociedade São Vicente de Paula, no bairro Niterói, Divinópolis, onde serviremos aos internos da Casa um lanche especial e teremos a presença de convidados especialíssimos que vão tornar o ambiente ainda mais alegre e 
gostoso.

Estamos arrecadando doações de materiais de higiene pessoal (shampoo, condicionador, sabonete, lenços umedecidos etc) e limpeza (detergente, desinfetante etc) para contribuir com a manutenção da Casa.

Convidamos os amigos a participar conosco desse momento mágico de alegria compartilhada com essas pessoas tão especiais e contamos com a contribuição direta e indireta de todos.

Para entregar suas doações, entre em contato conosco pelo Facebook ou deixe comentário aqui no blog. Para mais informações, também. Ficaremos muito felizes com a sua participação e os internos da Vila Vicentina, mais ainda.

Aviso aos navegantes

Aos queridos alunos e ex-alunos que visitam esse espaço em busca do material usado nas aulas, informo que os links para textos, slides e apostilas se encontram no menu à direita, organizados de acordo com cada instituição e curso.

Em caso de dúvidas, entre em contato por e-mail, telefone, deixem comentário no próprio blog.

Grata pela visita!!

domingo, 27 de janeiro de 2013

A maldição da folha em branco

Muitos já tombaram diante da minha força. Muitos já choraram, implorando por clemência. Muitos outros desistiram. Alguns, poucos, alcançaram tímidas e passageiras vitórias. Todos, invariavelmente, sofreram diante de mim.

Não. Eu nunca quis ser amada. Gosto dos sentimentos brutos, dos ódios, do desespero. Gosto dos olhos vermelhos, esbugalhados, apavorados. Gosto do esgar de sofrimento, dos cabelos arrancados à força, dos gestos de desalento. Gosto de provocar ânsia. 

Você pode fugir. Pode tentar se esconder. Mas, não pode me vencer. Pode tentar se distrair com um videozinho no Youtube, uma olhadinha no Facebook, uma visitinha ao e-mail. Pode até tomar um café, fazer um lanche, dar uma volta, bater um papo, ligar a TV. Mas, vai ter de voltar e eu vou estar te esperando. Branca. Alva. Virgem. Nenhuma ideia sua vai conseguir se infiltrar em mim.


Em alguns momentos, você até poderá vencer algumas batalhas. Umas poucas linhas ou, quem sabe, algumas páginas. Com um pouco de sorte, um texto inteiro. Comemore. Celebre. Vanglorie-se. E saiba que isso não vai durar muito. Eu me fortaleço sempre e, cedo ou tarde, você vai cair de novo em minhas garras.


Eu sou seu pior pesadelo. Seu maior desespero. Vou tirar seu sono. Vou sugar sua energia. Vou te vampirizar. E, quanto mais perto do fim do prazo, maior vai ser seu sofrimento e maior a minha diversão. Você não vai conseguir pensar em mais nada a não ser em mim e nas muitas ideias e palavras que você gostaria que eu aceitasse. Mas, não. Não aceito nada que venha de você. Sou e continuarei sendo branca e limpa.


E quando cansado e sem forças você rogar aos céus que te iluminem e inspirem, vou rir. Quando apelar para a inspiração de outros que, porventura, tenham ousado me vencer, vou me deliciar. Quando, finalmente, desistir de impor a mim suas ideias frágeis e decidir copiar ideias igualmente frágeis de outros, vou me deleitar. 


É nesse momento que eu me consolido como a vencedora. A eterna folha em branco. Virgem de ideias suas. Casta de suas besteiras supostamente iluminadas. Pura de suas bestialidades. Me preservo de suas cretinices e venço. Sempre venço!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Chá de Alecrim

Hoje eu acordei com frio na alma... é um frio sem explicação (o dia está até bem quente), que toma conta, acinzenta e enfeia a vida toda. É uma espécie de inverno astral (não! não é inferno astral!).

Com a alma gelada, comecei lenta e desinteressadamente meus afazeres (absurdamente tediosos, diga-se de passagem) e não entendia o por que daquele cansaço, daquela angústia... cuidando da minha Brisa, olhei de soslaio para as plantinhas que acomodei no terraço e lá estava aquele vaso de alecrim me olhando de longe... me lembrei da minha amiga-irmã Rosa Maria que falou certa vez que eu deveria tomar chá dessa planta.

Como não gosto de chá, nunca dei bola. Puxei pela memória, no entanto, e lembrei que ela me dizia que chá de alecrim é bom para esses apertos no peito, essas saudades de não-sei-quê, esses males da alma. Resolvi dar crédito e colhi alguns galhinhos, sob o olhar vigilante da Brisa, que acabou ganhando um galho para mordiscar.

Fiz o chá, meio crente meio descrente, adocei com mel e açúcar, esperei amornar um pouco e comecei a tomar, alternando golinhos e caretas. Não é que o chá tenha gosto ruim... é até gostoso, embora tenha ficado forte demais... mas, tenho uma memória negativa sobre chás, que me impede de gostar dessa bebida.

À medida que a caneca se esvaziava, no entanto, percebi que a sensação de congelamento diminuía, a angústia foi passando, a cabeça já conseguia pensar melhor sobre as tarefas... o mal estar  foi deixando meu corpo, minha mente, meu coração, minh'alma.

Me senti melhor.... aliás, me sinto melhor agora. 

Quem me conhece há muito tempo, por certo se espantaria de tomar conhecimento desse depoimento... quem diria, eu tomando chá e fazendo propaganda?




domingo, 13 de janeiro de 2013

sábado, 12 de janeiro de 2013

Presença


Quero ficar perto
Nem precisa tocar
Nem precisa beijar
Nem precisa falar
Só a presença
O ar compartilhado
Ver as mesmas coisas
Cheirar os mesmos cheiros
Sentir o mesmo calor
Só ficar perto
Só sentir perto
Só saber que está perto
Se tiver toque, melhor
Se tiver beijo, melhor
Se tiver conversa boa, melhor ainda
Se for pra sentir seu cheiro
Seu gosto
Seu toque
Se for pra ouvir seu sussurro
E pra sussurrar no seu ouvido
Muito, muito melhor
Mas, se não for
Só a presença basta

Metáfora


Aí um dia, a casa ficou velha demais. Paredes descascadas e trincadas, canos entupidos, mofo pelos cantos, piso encardido, janelas e portas emperradas, vidros trincados, lâmpadas queimadas, fiação à beira de um colapso. As opções: uma reforma superficial, só remendos; uma reforma mais profunda, mantendo as estruturas ou derrubar tudo e construir de novo. Pelo tamanho dos estragos, a terceira alternativa era a mais viável. Engenheiros, arquitetos, mestres de obras, pedreiros... todos concordavam.

Mas, todo o serviço teria de ser feito com os moradores ali. Eles não tinham para onde ir. A solução: desmanchar e refazer parte por parte. Viável e interessante, apesar de desgastante de desconfortável. Decisão tomada, hora de começar os trabalhos.
Derrubam as primeiras paredes. Poeira e escombros. Começam a erguer paredes novas. Tijolos e reboco. Tudo segue. Insalubre, mas com expectativas interessantes. Um dia, a tragédia. Caem as paredes velhas, todas de uma vez. E elas levam junto as novas que ainda não estavam totalmente prontas. Cai tudo. Só escombros. Só entulho. Só tristeza.

Sem ter para onde ir, o recurso é ficar. Juntar tijolos quebrados e ripas de madeira e improvisar uma barraca. Suja. Insalubre. Desconfortável. Não é uma casa. Não é sequer um abrigo. É provisório, até a casa nova ficar pronta. Não é fácil, mas é possível se acostumar a situações extremas assim. O problema é quando chove. A poeira vira barro. O abrigo vira alagadiço. O medo assola. O desconforto cresce. O desespero também. E a sensação de que aquilo nunca vai terminar. A casa nunca vai ficar pronta.

Aí, o sol volta. Mexe daqui, mexe dali e a barraca fica semi-habitável de novo. Apesar de tudo, o contentamento volta. A expectativa cresce. E a casa nova? Quantos quartos: um só ou vários, para receber amigos e família? E a sala: pequena e aconchegante, só pra ver TV ou espaçosa e confortável para receber muitos amigos? E a cozinha: superequipada com fogão grande, forno a lenha, para fazer comidinhas para batalhões ou funcional, só com um fogão básico e um microondas, para não precisar se preocupar em fazer comida. E o jardim: plantas medicinais, ornamentais ou venenosas para espantar os intrometidos?

E aí, mesclam-se os sonhos da casa novinha em folha, linda e perfeita com a realidade de viver entre escombros, sujo, mal-cheiroso, doentio. Chuva vai, chuva vem. Constrói, derruba, constrói de novo. Planeja, executa, repensa os planos, corrige. Será que um dia vai dar ser possível sair dos escombros da casa velha? Será que dá pra construir a casa nova sem usar parte desses escombros, já desgastados e cheios do ranço da casa velha? Será que um dia essa casa nova fica pronta? E como ela vai ser? Linda, perfeita ou assombrada e claustrofóbica como a velha? 

Luzes ariscas


De pequena, eu caçava vagalumes
Com um vidrinho de maionese bem lavadinho
Dava trabalho, o bichinho era arisco
Piscava aqui, apagava e ia acender de novo lá na frente
E lá ia eu, quicando atrás daquelas luzes fugidias

Hoje, não caço mais bichos
Caço ideias, verdades, explicações, entendimentos
E lá vou eu, com meus vidrinhos lavadinhos
Tentando capturar luzes igualmente ariscas
Que piscam aqui, iluminam brevemente
E apagam quando me aproximo
Para acender de novo lá longe



Se, por acaso, capturo uma luz qualquer
Ela logo morre, enegrece
E volta o breu
E volta a busca

Eu e meus vidrinhos lavadinhos...
Precárias e insuficientes ferramentas
Para tentar capturar o que quer que seja
Para tentar entender o que quer que seja

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

E começou 2013...

Começou de branco... em paz, na luz, abençoado.
Começou conforme a música... no ritmo, na onda e na pegada.
Começou diferente... leve, solto, desapegado.
Começou promissor... de portas abertas, com janelas para entrever futuros.
Começou começando... com projetos, ideias e oportunidades.
Começou novidadeiro... 

E há de seguir assim... com cara de ano novo o ano todo... com mudanças, desafios, propostas.
Mais uma vez, me rendo... planejo o essencial e vivo todo o resto, plenamente, ciente do meu papel na dança da vida, feliz por aprender essa dança todo dia, passo a passo.

De antigo nisso tudo, só algumas vontades, algumas saudades, alguns poréns... cada vez mais distantes, mais desbotados e mais sem sentido. Desses, me distancio cada vez mais e me preparo para fechar definitivamente as últimas brechas das últimas portas. 

Quero é o ano novo com toda a novidade que ele possa me trazer. Quero eu nova, a vida nova, lugares novos, cores e sabores e cheiros... tudo novo, de novo e de novo e de novo.
E me comprometo a renovar todo dia, todo momento. 
Que esse seja um ano de muitos hojes e menos ontens e amanhãs, porque é no hoje que se vive a vida de verdade.