sexta-feira, 25 de maio de 2012

Compartimentos

Num mundo aí, existem dois compartimentos hermeticamente separados: em um cabem as coisas e pessoas boas e no outro, as coisas e pessoas más. Numa determinada situação, duas criaturas, que chamaremos de A e B, entram em conflito e, portanto, não podem conviver num mesmo compartimento.


Acontece que A sempre deve ser posicionada no compartimento das coisas e pessoas boas. Assim, caberia a B ser alocada entre as coisas e pessoas más. Mas, por um decreto qualquer, B não pode ser colocada lado a lado com as coisas e pessoas más. Não que ela não seja má, mas é porque... bem... não tem porque nenhum. Não pode e pronto. 


Assim, fica o dilema: o que fazer com B? Ela não pode ficar com A no compartimento das coisas e pessoas boas (pelo menos até que ela pare com o que quer que seja que vem provocando esse conflito e se torne, efetivamente, uma pessoa boa) e nem pode ser colocada no compartimento das coisas e pessoas más. 


A solução encontrada... criar para B uma espécie de limbo, uma zona morta em que ela possa pairar, meio sombra, meio translúcida, meio nada; reduzi-la à invisibilidade, à um certo tipo de transparência, a uma meia inexistência até que ela possa se redimir, apagar o conflito com A e voltar a conviver (sob tutela e liberdade vigiada) no compartimento das coisas e pessoas boas. E assim, meio-vive B... nas brumas, numa dimensão esquecida qualquer.

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