quinta-feira, 15 de março de 2012

Desterro

Uma estrangeira onde quer que esteja. É assim que me sinto. Desterrada. Livre, talvez, de um cordão umbilical tardiamente rompido, que me ligava a algo há muito morto e pútrido. Talvez...


Livre dessa amarra, a sensação é estranha. Um desapego, uma liberdade dolorida e solitária. Aquele algo  a que me estive atada por tanto tempo, embora me sufocasse, me servia de norte e de porto. era um alento. Sem isso, me perco, me expatrio. Boio num sem fim de possibilidades e não me apego a nenhuma. São horizontes demais e chão de menos.


Estrangeira, turista, forasteira, invasora não importa onde esteja. Todos os lugares me parecem paradoxalmente familiares estranhos. Familiares, talvez, por causa da minha ânsia de ver mapas, rotas e fotos antes mesmo de chegar. Estranhos, talvez, por minha própria estranheza, que se estende até às mais costumeiras paisagens.


Acho que é a minha paisagem interna que está estranha. O estranho, então, sou eu. O medo é de mim mesma. Virei uma estrangeira em mim.

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